A Ciência da Felicidade

Para especialistas, 50% das diferenças no nível de felicidade entre as pessoas se deve à genética, 40% à atitude e apenas 10% às circunstâncias.
A ciência da felicidade ganhou novo status com o desenvolvimento das tecnologias de imageamento cerebral. Graças a elas, neurocientistas juntaram-se a psicólogos e psiquiatras na tentativa de compreender até onde vai nossa capacidade de ser feliz.

Eles já descobriram indícios importantes. Um exemplo é a teoria que diz que mudanças nas circunstâncias de vida não teriam efeito permanente no nosso nível de felicidade. Tanto alguém que ganha uma fortuna na loteria quanto os que passam por uma doença grave teriam seus níveis de bem-estar alterados – para mais ou para menos -, mas eventualmente voltariam a seu normal.

Os latino-americanos tendem a ser mais felizes do que esperaríamos se analisássemos apenas o lado financeiro”, diz o psicólogo Ed Diener, autor do recém-lançado “Happiness – Unlocking the Mysteries of Psychological Wealth” (Felicidade – Desvendando os Mistérios da Riqueza Psicológica, inédito no Brasil). Para o pesquisador, nós latinos pontuamos alto em emoções positivas graças à forma como nos relacionamos. Na maioria dos casos, somos pouco críticos, buscamos o lado mais divertido das situações e tendemos a apoiar quem está mal.

Religiosos costumam viver mais, ganhar mais dinheiro e reportar maior nível de satisfação. Mas a fé cega em Deus ou nas orações pode fazer muito mal à saúde

Outras pesquisas mostram que pessoas religiosas (independentemente do credo) são menos propensas a usar drogas e cometer crimes e têm mais potencial para educar-se e ganhar dinheiro. Para o filósofo norte-americano Daniel Dennet, um dos cabeças do novo ateísmo, as religiões são bem-sucedidas em parte porque ajudam as pessoas a sentirem-se bem em relação a si mesmas e ao mundo. “É fácil reconhecer que qualquer religião não seria disseminada se deixasse as pessoas tristes”, afirma Diener. É claro que não dá para dizer que todo religioso é feliz, mas pesquisas sustentam a idéia de que, na média, os crentes se sentem melhor do que os não-crentes.

E não dá para generalizar também porque, como muitas outras coisas na vida, a religião pode ter seu lado negativo. Segundo Sonja Lyubomirsky, estudos mostram que pessoas que acreditam cegamente no poder curativo de orações podem negligenciar exercícios físicos e cuidados com a saúde. E não é só isso: aqueles que transferem de modo passivo seus problemas para Deus mostram níveis mais baixos de saúde mental, afirmam os pesquisadores George Brown e Tirril Harris no livro “Social Origins of Depression” (As Origens Sociais da Depressão, inédito no Brasil).

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